O menino e o cão (Crônica)
Bruninho viveu desde o seu primeiro ano até o sétimo completamente sozinho, apenas com migalhas de companhia de seus pais. Esses que se revezavam para ficar com o menino, é claro que o calor do trabalho e a força das responsabilidades tinham grande culpa, mas não costumo dizer que eles tinham afeição pelo garoto. Odiavam quando chegavam cansados do trabalho e tinham que lidar com a criaturinha inocentemente inconveniente.
Não sou do tipo que pensa que todos devem ter filhos, também julgo que ninguém é obrigado a manter um, mas se você escolheu ficar com a criança, deve arcar com isso. Um dia tiveram uma brilhante ideia:
— E se presenteássemos Bruninho com um cão?
— Claro! Assim ele não necessitaria de tanta atenção e poderíamos ficar mais tranquilos.
— Ótimo, além de que o ajudaria a ter responsabilidades desde cedo.
— Ótimo.
— Feito então.
No dia seguinte o casal apareceu com um pequeno cão caramelo, de olhos e orelhas grandes, redondo e carente. A criança rapidamente tomou gosto pelo novo amigo, colou-se nele como velcro. Levava o pobre animal a todo canto, os dois faziam tudo juntos.
É como se fosse um fator biológico, uma série de coisas faziam com que o cão fosse dependente do garoto. Coisas como: banho, comida, passeios, etc. Outra série de coisas faziam também com que o menino fosse dependente do animal. Coisas como, por exemplo: fuga do desamor dos pais, etc.
Seria um verdadeiro lamento se um saísse da vida do outro… essas coisas acontecem. Dói dizer isso, mas é o famoso ciclo da vida. Pessoas e bichos se vão um dia. E então? Quem seria o primeiro a ir?
Aquele que era mais dependente do outro se foi…
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